8 de mar. de 2010

Profissionalismo Estrutural

Trago para o texto desta semana uma discussão interessante sobre a estrutura organizacional dos comitês locais da AIESEC no Brasil.

Você realmente acredita que os escritórios da AIESEC tem uma adequada estrutura organizacional?

- Eu não acredito.

Como uma Organização dinâmica e inovadora e em fase acelerada de crescimento, a AIESEC deveria se preocupar mais com a modernização de sua estrutura e organização de negócios.

A maioria dos escritórios do Brasil, incluindo a diretoria nacional, trabalha com um modelo de gestão por departamento funcional, que consiste em manter em sua estrutura, equipes fechadas de Finanças, Maketing, Recursos Humanos, Vendas, etc. Esse modelo, criticado por muitos, apresenta inúmeras deficiências para o modelo de gestão que a AIESEC propõe, que varia desde o problema de comunicação entre os departamentos, falta de visão holística dos membros, dificuldade de integração estratégica, e dificuldades de flexibilidade organizacional.

Isso indica que a AIESEC trabalha com uma estrutura de negócios voltada para a produção em massa de produtos simples em ambiente pouco dinâmico; sendo uma organização de serviços complexos de âmbito internacional.

As consequências em manter esse sistema são muitas e negativas, como por exemplo a resistência à mudança pelas incertezas dos membros, e a especialização do estudante em um determinado departamento ou tarefa funcional.

Uma boa opção para uma Organização que preza pelo desenvolvimento de seus membros e com as características únicas de negócio, seria organizar-se por processos com projetos sazonais de intercâmbios.

Assim como em pequenas e médias empresas, temos na AIESEC quatro principais fluxos de negócios: Incoming Exchange, Outgoing Exchange, Membership Development e Auditoria & Qualidade. Sendo que os processos de ICX e OGX nunca se cruzam localmente, Membership Development acompanha estes dois fluxos e Auditoria & Qualidade simplesmente cruza os três anteriores.

A AIESEC já trabalha com seus objetivos estratégicos focados nestes processos, as ferramentas de gestão e avaliação já estão adaptadas, mas há um gap enorme entre todas as ferramentas e a operacionalização dos comitês. Isso significa que não adianta criarmos ações focadas em nossa atividade fim, se não tivermos o meio para realizá-las. Talvez esse seja o principal responsável pela dificuldade das diretorias executivas locais e nacionais em implementar mudanças e estratégias.

Mas devemos ter calma, não adianta pegarmos uma folha em branco e redesenharmos a estrutura de negócios da AIESEC. As ações no sentido da criação de Programas voltados para intercâmbio já pode ser considerado um primeiro passo, mas que além de não estarem incluídas em um projeto de mudança, ainda está longe do ideal de modernização que a Organização merece.

Não tenho a intenção dar detalhes do processo de mudança, e muito menos ser didático ao assunto, mas a AIESEC precisa, com urgência, se planejar quanto à sua estrutura organizacional.


Para quem quiser se aprofundar no assunto:

ALBUQUERQUE, A., ROCHA.., P. Sincronismo Organizacional - como alinhar a estratégias, os processos e as pessoas. São Paulo: Saraiva, 2007

OLIVEIRA. Estrutura Organizacional - Uma abordagem para resultados e competitividade. São Paulo: Atlas, 2006.

2 de mar. de 2010

Avatar Ecológico Chines

As impressões ecológicas de um verde-amarelo vivendo no país vermelho

Trabalhando há 2 meses na China, me sinto com bagagem suficiente para fazer uma análise crítica de como a China, principalmente as grandes cidades de Beijing e Xangai, trabalham a preservação e/ou melhoria do meio ambiente.

1. Impermeabilização

Ambas as cidades apresentam uma enorme impermeabilização do solo. Não se vê terra crua, exceto nos terrenos de construções. Os parques e áreas verdes são muito poucos, e quase inóspitos. O People’s Park - no coração de Xangai - não passa de uma praça cimentada com árvores e flores em vasos de cimentos e plástico. Até a base das árvores de calçada são impermeabilizados com cimento, plástico ou o que tiver por perto.

2. Poluição dos Rios

Xangai é muito famosa pelas mega construções e desenvolvimento econômico nas últimas décadas, mas não podemos esquecer do principal rio “Huangpu” que corta a cidade de oeste a leste, desembocando no Pacífico. É lamentável ver a quantidade de lixo no grande rio e sua água cinza não esconde que o “Importante Rio” não hospeda mais peixes e vida. A poucos metros do estuário do Huangpu, o Pacífico também recebe o maior porto do mundo, sinônimo de sujeira nas águas salgadas.

3. Poluição do Ar

Xangai também é conhecida pela famosa “Smog”, uma neblina pesada que combina poluição do ar com poeira de construção. Durante o dia o céu é cinza e a noite alaranjado – reflexo das luzes dos prédios e shoppings que acendem Xangai a noite toda. A poeira é tanto que se acumula até dentro de casa, e estrelas no céu são tão raras como o azul do céu

4. Fauna Urbana

Em um ambiente pesado e pobre em recursos, a existência de animais e insetos é raríssima. Moro há dois meses no oriente e os únicos animais que vi nas ruas foram uma barata e alguns Pardais. Os animais e insetos fogem de onde os humanos loucamente procuram seu espaço – a natureza não se engana.

5. Oxigenação

Se o ambiente é cinza e praticamente morto, o inverno maximiza a destruição da vida. Árvores sem folhas e lagos e rios congelados com certeza não dão conta de produzir o oxigênio que as 37,2 milhões de pessoas e suas máquinas consomem nas cidades de Beijing e Xangai – Um défict ambiental que não tem preço.

6. Consciência Ecológica

Quando perguntado a um estudante universitário chinês sobre o que é natureza e sua importância para as cidades, a resposta veio acompanhada de que natureza é sinônimo de Selva Africana ou Amazônia e que o bonito são as construções e luzes – que demonstram riqueza e desenvolvimento, enquanto a natureza deve ser preservada fora dos centros urbanos. Ou seja: quanto mais bonito, melhor...

7. Prosperidade Ecológica

Os governos das cidades de Beijing e principalmente Xangai não são totalmente omissivos. Transporte público como metrô e ônibus são excelentes e utlizados por pobres e ricos. Existem mais taxis que carros particulares, e as milhões de motos são movidas a energia elétrica, uma vantagem na emissão de CO2 que o Brasil está longe de conseguir.

A preocupação também está evidente no Museu de Planejamento Urbano de Xangai. Há um plano de revitalização da cidade chamado “Green Shanghai” que visa melhoria em todos os aspectos citados neste texto. O governo visa ampliar a área verde per capita que foi do tamanho de uma sola de sapato em 1960, que hoje está do tamanho de uma cama de solteiro, para “incríveis” tamanho de um quarto, em 2020.

Não se duvida do poder de transformação dos chinês, que tanto fez e continua fazendo pela economia e construção de uma noção incrivelmente forte e consolidada; mas até que ponto o meio-ambiente será reconstruido por aquele que o destruiu: o dinheiro?