Trago para o texto desta semana uma discussão interessante sobre a estrutura organizacional dos comitês locais da AIESEC no Brasil.
Você realmente acredita que os escritórios da AIESEC tem uma adequada estrutura organizacional?
- Eu não acredito.
Como uma Organização dinâmica e inovadora e em fase acelerada de crescimento, a AIESEC deveria se preocupar mais com a modernização de sua estrutura e organização de negócios.
A maioria dos escritórios do Brasil, incluindo a diretoria nacional, trabalha com um modelo de gestão por departamento funcional, que consiste em manter em sua estrutura, equipes fechadas de Finanças, Maketing, Recursos Humanos, Vendas, etc. Esse modelo, criticado por muitos, apresenta inúmeras deficiências para o modelo de gestão que a AIESEC propõe, que varia desde o problema de comunicação entre os departamentos, falta de visão holística dos membros, dificuldade de integração estratégica, e dificuldades de flexibilidade organizacional.
Isso indica que a AIESEC trabalha com uma estrutura de negócios voltada para a produção em massa de produtos simples em ambiente pouco dinâmico; sendo uma organização de serviços complexos de âmbito internacional.
As consequências em manter esse sistema são muitas e negativas, como por exemplo a resistência à mudança pelas incertezas dos membros, e a especialização do estudante em um determinado departamento ou tarefa funcional.
Uma boa opção para uma Organização que preza pelo desenvolvimento de seus membros e com as características únicas de negócio, seria organizar-se por processos com projetos sazonais de intercâmbios.
Assim como em pequenas e médias empresas, temos na AIESEC quatro principais fluxos de negócios: Incoming Exchange, Outgoing Exchange, Membership Development e Auditoria & Qualidade. Sendo que os processos de ICX e OGX nunca se cruzam localmente, Membership Development acompanha estes dois fluxos e Auditoria & Qualidade simplesmente cruza os três anteriores.
A AIESEC já trabalha com seus objetivos estratégicos focados nestes processos, as ferramentas de gestão e avaliação já estão adaptadas, mas há um gap enorme entre todas as ferramentas e a operacionalização dos comitês. Isso significa que não adianta criarmos ações focadas em nossa atividade fim, se não tivermos o meio para realizá-las. Talvez esse seja o principal responsável pela dificuldade das diretorias executivas locais e nacionais em implementar mudanças e estratégias.
Mas devemos ter calma, não adianta pegarmos uma folha em branco e redesenharmos a estrutura de negócios da AIESEC. As ações no sentido da criação de Programas voltados para intercâmbio já pode ser considerado um primeiro passo, mas que além de não estarem incluídas em um projeto de mudança, ainda está longe do ideal de modernização que a Organização merece.
Não tenho a intenção dar detalhes do processo de mudança, e muito menos ser didático ao assunto, mas a AIESEC precisa, com urgência, se planejar quanto à sua estrutura organizacional.
Para quem quiser se aprofundar no assunto:
ALBUQUERQUE, A., ROCHA.., P. Sincronismo Organizacional - como alinhar a estratégias, os processos e as pessoas. São Paulo: Saraiva, 2007
OLIVEIRA. Estrutura Organizacional - Uma abordagem para resultados e competitividade. São Paulo: Atlas, 2006.
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